Ângela Maria Fernandes Diniz era uma socialite mineira conhecida nos anos 1970 por seu estilo de vida livre, independente e em desacordo com os valores conservadores da época.
Em 30 de dezembro de 1976, Ângela foi assassinada a tiros por Raul Fernando do Amaral Street, o “Doca Street”, em uma casa de veraneio na Praia dos Ossos, em Búzios, Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Foram quatro disparos à queima-roupa: três no rosto e um na nuca.
Julgamentos controversos
No primeiro julgamento, em 1979, Doca Street foi condenado a dois anos de prisão, mas teve direito a sursis (suspensão condicional da pena) e não chegou a cumprir pena efetiva. A defesa alegou que ele agira em “legítima defesa da honra”, sustentando que Ângela teria o provocado.
Diante do clamor público, especialmente de movimentos feministas que repudiaram justificativas emocionais ou de honra para crimes, houve um segundo julgamento em 1981, no qual Doca foi sentenciado a 15 anos de prisão.
“Condenação” social
Mesmo antes do veredito final, Ângela foi duramente julgada pela sociedade. A mídia, advogados de defesa e parte da opinião pública promoveram uma narrativa na qual ela era responsabilizada pelo crime — seja por seu comportamento, por suas escolhas pessoais ou por ter levado um estilo de vida que não se alinhava com os padrões tradicionais da época. Essa culpabilização acabou sendo usada para justificar, de forma velada, a ação de Doca.
Muitos chegaram a ver Doca como vítima de provocações ou como alguém “levado ao limite”, minimizando o assassinato. Em contrapartida, movimentos feministas reagiram com força, repudiando as narrativas machistas. O lema “Quem ama não mata” surgiu como resposta direta a essa mentalidade e se tornou símbolo da luta contra a violência de gênero no país.
Legado
O caso de Ângela Diniz tornou-se um marco no Brasil nas discussões sobre feminicídio, impunidade e desigualdade de gênero. Ele foi retratado em livros, filmes e documentários, e ajudou a expor como a “defesa da honra” era usada para amenizar crimes de violência contra a mulher.
Fontes: Correio Braziliense, Terra, O Globo, BBC News Brasil, Wikipédia.
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