Após o anúncio do bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025 e do aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o mercado financeiro brasileiro reagiu com instabilidade nesta quinta-feira (22). A Bolsa de Valores (Ibovespa) operou em queda ao longo do dia, enquanto o dólar comercial apresentou alta frente ao real.

As medidas, divulgadas pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), têm o objetivo de garantir o cumprimento da meta fiscal de déficit zero prevista no novo arcabouço fiscal. Apesar de o governo reforçar o compromisso com a responsabilidade nas contas públicas, investidores demonstraram receio quanto à eficácia e sustentabilidade do ajuste.

Reações no mercado

O Ibovespa recuou cerca de 1,2% no fechamento do pregão, puxado por quedas nas ações de empresas dos setores de infraestrutura e consumo, que podem ser impactadas pela redução dos investimentos públicos. O dólar, por sua vez, subiu 0,9%, cotado a R$ 5,28, refletindo maior aversão ao risco fiscal no curto prazo.

Analistas de instituições financeiras avaliam que o contingenciamento e a elevação do IOF são medidas técnicas corretas, mas veem sinais de dificuldade política do governo em conter despesas obrigatórias e aprovar reformas estruturais.

“O governo acerta ao mostrar esforço de ajuste, mas ainda há dúvidas sobre sua capacidade de manter esse compromisso diante das pressões por mais gastos”, disse um relatório da XP Investimentos.

Cautela com o cenário político

A reação do mercado também está ligada à percepção de incertezas políticas. A base governista no Congresso tem pressionado por aumentos em emendas parlamentares e programas sociais, o que pode comprometer o plano fiscal. Além disso, a revisão de gastos obrigatórios e renúncias fiscais, como as ligadas à Zona Franca de Manaus e ao Simples Nacional, seguem sendo temas de difícil negociação.

“Enquanto o governo não apresentar medidas de médio e longo prazo para reorganizar os gastos, o mercado continuará desconfiado”, avaliou a economista Silvia Matos, da FGV.

Próximos passos

Nos próximos dias, o Ministério da Fazenda deverá detalhar quais áreas serão afetadas pelo corte de R$ 31,3 bilhões e como pretende compensar a perda de arrecadação prevista no segundo semestre. Espera-se também o envio de propostas legislativas ao Congresso para revisar isenções tributárias e revisar o crescimento de despesas obrigatórias.

A equipe econômica aposta que a sinalização de responsabilidade fiscal possa, a médio prazo, contribuir para a queda dos juros e a melhora das expectativas econômicas.

Fontes:

• CNN Brasil. Mercado financeiro reage ao bloqueio no orçamento e aumento do IOF. Disponível em: cnnbrasil.com.br

• Folha de S.Paulo. Investidores veem medidas fiscais como positivas, mas temem instabilidade política. Disponível em: folha.uol.com.br

• Valor Econômico. Corte no orçamento e aumento do IOF mexem com Ibovespa e dólar. Disponível em: valor.globo.com