Num documento oficial enviado ao governo estadual do Rio de Janeiro, a administração dos Donald Trump manifestou “profundo pesar” pela morte de policiais durante a grande ofensiva contra o crime armado na cidade, além de se colocar “à disposição para todo apoio necessário” no combate ao narcotráfico.
Embora a operação, lançada no final de outubro, tenha deixado um número muito maior de vítimas – estimativas apontam mais de 120 mortos, entre policiais e suspeitos –, o comunicado norte‑americano focou apenas nas mortes de agentes públicos.
Para especialistas em Relações Internacionais, essa postura reflete a aliança estratégica entre o governo americano e o estado do Rio de Janeiro, que busca apoio externo e legitimação internacional para suas ações de segurança. A omissão quanto às baixas civis suscitou críticas de que o discurso americano privilegia a narrativa de combate ao crime, atribuindo‑lhe apoio automático, sem uma avaliação mais ampla dos impactos humanitários.
A operação em si — envolvendo cerca de 2 500 agentes estaduais e federais, com uso de helicópteros, blindados e incursões em várias favelas — está sendo alvo de investigações, tanto por parte das autoridades brasileiras quanto de organismos internacionais, que questionam o número elevado de mortes e a proporcionalidade dos meios empregados.
A oferta de apoio dos EUA inclui, segundo o documento, compartilhamento de inteligência, cooperação em investigação de redes de financiamento do crime e logística para ações de desmantelamento de facções. Ainda permanece em aberto se haverá condições atreladas a essa ajuda, como garantias ou vetos quanto à conduta das operações.
A repercussão no Brasil agrava‑se em um contexto de choque entre o poder estadual de segurança pública, que defende a operação como um “sucesso” e foco nas baixas policiais, e organizações de direitos humanos, que denunciam execução em massa e ausência de transparência.
Fonte: Reuters, Associated Press, The Guardian.
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