O ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil durante o governo de Barack Obama, Thomas A. Shannon Jr., afirmou que o presidente norte-americano Donald Trump abandonou a tentativa de anular o julgamento do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, acusado de liderar um golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Segundo Shannon Jr., Trump entendeu que intervir em processos criminais e eleitorais no Brasil “não iria prosperar” e que a “tentativa foi retirada da mesa” devido à firmeza das instituições brasileiras, especialmente do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele apontou que “o Brasil deixou muito claro que não iria ceder”.
Shannon Jr. destacou que, embora Trump tenha mantido relações amistosas com Bolsonaro, ele não está mais considerando ações concretas para protegê-lo ou reverter o julgamento. O diplomata afirmou: “Há algumas maneiras de ver isso. Primeiro, Trump não vai abandonar Bolsonaro. Ele o considera um amigo com visões políticas semelhantes. Mas […] em todas as comunicações com [o presidente] Lula, Bolsonaro não é mencionado. E não é mencionado porque Trump sabe que sua tentativa de proteger Bolsonaro da prisão e garantir que ele pudesse disputar eleições fracassou.”
No mesmo contexto, Shannon Jr. comentou que as sanções dos EUA contra ministros do STF, com base na Lei Magnitsky, podem se manter, mas que a ideia de anular o julgamento de Bolsonaro já foi descartada pela Casa Branca.
Contextualização
Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por participação em tentativa de golpe de Estado.
A atuação firme do STF e de outras instituições brasileiras foi apontada por Shannon Jr. como fator chave para a mudança na postura dos EUA.
A análise sugere que, ainda que Trump mantenha simpatia política por Bolsonaro, ele avaliou que apoiar diretamente sua causa acarretaria custos diplomáticos e estratégicos maiores.
Esse posicionamento sinaliza uma redefinição das prioridades de Washington em relação ao Brasil, em que o apoio pessoal a Bolsonaro cede lugar a uma maior cautela institucional.
Fontes: Jornal Correio do Brasil (25 de outubro de 2025), entrevista de Thomas A. Shannon Jr. à BBC News Brasil.
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